18 de novembro de 2015

A Geografia da Europa: visões críticas e atuais vistas em aula

Débora Weber de Souza e Wagner Weiand
Bolsistas PIBID

Nos meses de agosto e setembro, na Escola Estadual São Francisco, desenvolvemos atividades que envolveram o ensino da Geografia na sala de aula. Estas atividades, no contexto do Programa Institucional de Iniciação à Docência – PIBID, foram organizadas de forma a trabalhar o ensino da Geografia numa abordagem diferenciada das que são realizadas no ambiente escolar. Assim, as atividades propostas, tiveram o objetivo de trabalhar o ensino geográfico, de acordo com os conteúdos já tratados pela professora das turmas, e com a tentativa de suprir a deficiência existente dos mesmos conteúdos, presentes nos livros didáticos que os alunos e a professora trabalham.

Com as atividades propostas, em junção aos conteúdos já tratados ou em andamento nas turmas, aplicamos metodologias próprias (Cartum Geográfico) e recursos metodológicos específicos (documentários, charges, revistas, livros, vídeos, mapas), com intuito de propor uma reflexão dos alunos e da professora (supervisora), frente às atualidades vistas no contexto dos assuntos trabalhados.

Durante a apresentação do conteúdo, procurou-se trazer aos alunos uma visão mais crítica sobre assuntos como economia e população, trazendo problemas como xenofobia, violência, guerras e crises a sua realidade, saindo da ideia de senso comum que alguns alunos tinham.

As atividades também buscaram usar tecnologias de pesquisa móvel, como o uso do celular e a rede que a escola disponibiliza, para efetuar pesquisas sobre os assuntos tratados na sala de aula. Esse método, possibilitou um estimulo à pesquisa aos alunos e uma interação maior sobre os assuntos tratados.
O único problema encontrado nesse método de pesquisa, na sala de aula, foi o uso incorreto dos mecanismos de pesquisas em rede e o uso do aparelho móvel, para entrar em redes sociais. Tal problema pôde ser resolvido com dialogo e orientações nas pesquisas em rede.

Já em relação ao horário das aulas, observou-se que a grade de horários das disciplinas muda constantemente e isso dificulta a relação de ensino-aprendizagem, pois quando o professor começa a discutir um assunto em uma aula, numa determinada disciplina e logo após, altera-se para outra aula, com outra disciplina e o mesmo retorna, muitas vezes, no ultimo horário da grade. Com isso perde-se o raciocínio continuo da construção do saber dentro da sala de aula, o aluno e o professor ficam confusos, perde-se a noção do assunto tratado. O conhecimento aqui fica na dependência do horário estabelecido, a mercê das interrupções constantes, um descompromisso e descaso com a educação.

Apesar das dificuldades, os métodos dinâmicos incitaram um maior questionamento por parte dos alunos em sala de aula, principalmente no que se refere à crítica, mostrando maior interesse em obter conhecimento. Nesse sentido, as atividades propostas, com metodologias mais criativas e dinâmicas, despertaram um maior interesse sobre determinados assuntos e curiosidade em buscar notícias sobre as atualidades que evolveram as discussões na sala de aula.



O uso do celular para pesquisas.
Foto: Débora Weber



Confecção de cartazes.
Foto: Débora Weber


Leitura do "cartum geográfico".
Foto: Débora Weber


3 de outubro de 2015

Curso de Geografia da UFFS, campus de Chapecó, realiza evento sobre o Ensino de Geografia


Débora Weber de Souza e Nadialine Zambot
Bolsistas PIBID


Nos dias 15 e 16 de setembro de 2015, no auditório da UFFS, Campus Chapecó, foram realizadas duas palestras envolvendo a temática do Ensino da Geografia no âmbito do II Café Geográfico, com as professoras Lana de Souza Cavalcanti (UFG) e Helena Copetti Callai (UNIJUI), importantes estudiosas da área de Ensino de Geografia e pesquisadoras do CNPq. Os temas das conferências foram “Ensinar e Aprender Geografia” no primeiro dia, e “Juventude, espaço e tempo: desafios da prática docente do Ensino Médio” no dia 16. O evento foi organizado pelo programa Pacto Nacional pelo Fortalecimento do Ensino Médio e teve a coordenação dos professores do curso de Geografia da UFFS/Chapecó Adriana Andreis e Willian Simões.

Os dois eventos trouxeram à discussão os desafios do ensino-aprendizagem da Geografia no processo da produção do conhecimento em sala de aula. Nessa perspectiva, as conferencistas buscaram relacionar a tensão existente entre a universidade e a escola na redução do conhecimento científico e limitação na educação geográfica. No primeiro dia, as professoras propuseram trabalhar os conceitos geográficos dentro da sala de aula, por meio das análises sobre os conceitos na construção do pensamento espacial, ou seja, pensar a espacialidade e tornar a aula um objeto de investigação. Nesse sentido, a sala de aula se torna um espaço de produção e reprodução do conhecimento.

Já no segundo dia de evento, a discussão sobre o processo do ensinar e aprender Geografia em caráter conceitual foi retomada sob a perspectiva do ensino médio, focando nas expectativas do jovem e sua identidade estudantil. Nesse debate, a escola é vista como um importante espaço de socialização dos jovens e reprodução da sua identidade estudantil, que seria a forma cultural do jovem se expressar nesse espaço.



Profª. Drª. Helena Callai.
Foto: Fabio Denig.



Profª. Drª. Lana Cavalcanti.
Foto: Fabio Denig.


Conferencistas respondendo às questões da plateia. 
Foto: Ederson Nascimento.


Diante disso, surge a necessidade de (re)discutir o ensino da Geografia no Ensino Médio, devido a forma produtivista que a mesma é abordada, pois suas bases não são as dos conceitos geográficos para compreensão do espaço social e sim as dos conteúdos dos vestibulares, e a formação dos alunos não é voltada para pensar a espacialidade. A problemática do espaço vivido por aquele individuo é voltada apenas para o mercado de trabalho, e o professor, nesse processo, acaba por atuar com ensino mecanicista, um ensino que ignora o espaço social do jovem e sua identidade estudantil, onde não existe um diálogo e este atua de forma passiva aos processos de transformação existente neste “espaço-tempo” escolar.


2 de outubro de 2015

Do mundo bipolar à economia-mundo: atividade de ensino


Edcleia Pedon e Tatiane Ribeiro
Bolsistas PIBID


Durante o mês de junho, na escola EEB Tancredo de Almeida Neves, desenvolveu-se um projeto com o 2º ano do ensino médio, no qual foram abordados os assuntos "Guerra Fria", "Capitalismo e Socialismo", "Globalização", "Economia-mundo" e "Metas do Milênio". Objetivou-se despertar nos alunos a vontade pelo conhecimento dos conhecimentos histórico-geográficos, reconhecer as diferenças principais entre capitalismo e socialismo, identificar os principais aspectos da globalização, conhecer como ocorre a economia-mundo e por fim trabalhar sobre as metas do milênio.
Destacando a importância de se trabalhar com diversas didáticas diferentes para melhor aprendizagem dos alunos, utilizou-se técnicas e metodologias diferenciadas para melhor aprendizagem dos alunos, quais sejam: exibição de vídeos, questionário oral, questionário escrito, discussão sobre a Guerra Fria, textos, acompanhamento no livro didático, seminário apresentado pelos alunos sobre as metas do milênio, prova avaliativa e prova de recuperação.

Pode-se perceber que durante as aulas sobre os conteúdos abordados os alunos se interessaram bastante pelos vídeos e atividades propostas, pelo que pode-se perceber gostaram bastante. Os vídeos mostrados puderam esclarecer dúvidas sobre o tema, da maneira que visualizando os alunos puderam ter um conhecimento maior de tudo, vendo na prática o que realmente aconteceu com imagens e explicações. Esse projeto pode desenvolver ainda nos alunos uma visão mais clara do conteúdo.

Durante a realização das provas, a maioria dos alunos soube dominar o conteúdo e a minoria que foi mal teve chance de recuperar sua nota após ser realizado um trabalho de recuperação. Também gostaram muito de apresentar o seminário com as regras o que gerou longa discussão sobre os temas apresentados no trabalho.


Momentos das atividades.


Ao findar-se esse projeto com os conteúdos abordados pode se concluir que de maneira quase que geral ocorreu tudo bem sem grandes dificuldades e com certeza ocorreu conhecimento por ambas as partes participantes, as metodologias aplicadas poderiam ser mais diversificadas mas em questão do tempo em decorrência da greve foi tudo meio que “apressado” mas acreditamos que da maneira em que foi exposto o conteúdo houve sim a aquisição de conhecimentos pois, durante as aulas houve muita discussão e explanação das dúvidas ocorrentes. 

Por fim, resumindo, pode-se dizer que foi um projeto simples mas de grande aprendizado.

14 de setembro de 2015

As desigualdades sociais no Brasil: o teatro usado como metodologia de ensino

Fabiane Ripplinger e Nadialine Zambot
Bolsistas PIBID

As desigualdades sociais acontecem em todos os países, entretanto com diferentes proporções, sendo ela mais expressiva em países em desenvolvimento. Entre as causas das desigualdades sociais estão a má distribuição de renda e recursos, a falta de investimentos na saúde e na educação, poucas oportunidades de trabalho, corrupção, entre outras causas.

Mas a social não é a única desigualdade existente no Brasil. Podemos citar outros tipos de desigualdades que advém da desigualdade social (ou contribuem para ela) como étnicas, raciais, culturais, regionais, de gênero no trabalho, econômicas, educacionais, entre outras. Entre os mais afetados pelos vários tipos de desigualdade estão as crianças e jovens, que se encontram despreparados para enfrentar o mercado de trabalho, não continuam os estudos e ficam sujeitos a marginalidade/criminalidade, ao mundo do crime e das drogas. A pobreza, fome, desnutrição, mortalidade infantil, favelização, desemprego, violência, entre outros estão entre as consequências dos diversos tipos de desigualdades.

A temática das desigualdades sociais foi trabalhada com uma atividade didática especial em turmas do oitavo ano do ensino fundamental na Escola São Francisco, utilizando-se uma representação teatral. Após uma aula ministrada pela professora supervisora do projeto referente ao tema supracitado e sob sua orientação os alunos deveriam fazer uma apresentação (cartazes, teatro, texto ou poesia), cada grupo pôde escolher com o que gostaria de trabalhar, os alunos produziram textos, cartazes e teatro, que foi uma forma diferente deles mostrarem como viam as desigualdades, que são explícitas atualmente. Como auxílio no entendimento do assunto, na aula seguinte, foi passado o filme “Escritores da liberdade” para que os alunos observassem as desigualdades existentes baseados em uma história real porem não brasileira.

Dando sequência nas atividades, acompanhamos as apresentações, sendo uma delas a de um teatro, com o objetivo de os alunos expressarem seu entendimento do assunto e de uma forma simples. Estes alunos, com o conhecimento adquirido em sala e com pesquisas, desenvolveram esta apresentação, tratando diversos tipos de desigualdades em uma família, sendo composta por quatro alunos do oitavo ano interpretando os papéis de mãe, duas filhas biológicas e um adotivo, sendo o filho adotivo excluído das atividades de lazer da família, sendo humilhado e obrigado a sujeitar-se as ordens das irmãs na ausência da mãe, e sendo muitas vezes responsabilizado pelas más ações delas, que rejeitavam-no por ser diferente e por acharem ele um intruso na família.


Confecção de cartaz e teatro apresentado pelos alunos.
Foto: Fabiane Ripplinger


Ao finalizar a atividade pode-se concluir que os alunos compreenderam a temática abordada e assim desmistificar o que é a desigualdade social e como ela acontece em todos os territórios, e não somente em alguns locais como eles haviam pensado. Eles nos surpreenderam com a coragem de apresentar aos colegas uma peça teatral, pois havia certa timidez no início, mas que com o passar da apresentação isso não se fez mais presente. Pode-se perceber que os outros alunos gostaram da apresentação dos colegas e que esta metodologia poderá ser mais explorada principalmente nesta turma.



13 de setembro de 2015

Conhecendo o Nordeste Brasileiro: experiência de ensino com turmas do sétimo ano do ensino fundamental


Fabiane Ripplinger e Mirian Pegoraro
Bolsistas PIBID

O Brasil é um país com grandes dimensões territoriais que são divididas em cinco regiões geográficas: Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sul e Sudeste. A região Nordeste, especificamente, é a terceira maior região do país, formada pelos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Esta região foi tema de um planejamento aplicado em uma turma de sétimo ano do Ensino Fundamental. 

A região Nordeste é uma região com diferentes características internas e por isso, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) dividiu-a em quatro sub-regiões, a saber: Agreste, Meio Norte, Sertão, Zona da Mata. O Agreste é a área correspondente a transição entre o Sertão e a Zona da Mata, localizada no centro dos estados de Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe.  Com relevo acidentado, pode-se destacar o Planalto da Borborema bem como que seu clima é semiárido, com a vegetação predominante de Caatinga e a Mata Atlântica. Sua economia gira em torno da pecuária e da agricultura.

O Meio Norte corresponde a área de transição entre o Sertão (Nordeste) e a Amazônia (Norte), ocupa o estado do Maranhão e parcialmente o Piauí, com vegetação predominante da Mata dos Cocais e a economia advém principalmente do extrativismo vegetal, mineração e pecuária. O relevo é formado por chapadas e planaltos em sua maioria.

Sertão é a área de transição entre o Agreste e o Meio Norte, ocupa parcialmente os estados do Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe e totalmente o estado do Ceará. A vegetação predominante é a Caatinga, possui clima semiárido e a economia gira em torno da agricultura, porém sofre com a baixa pluviosidade tornando a produção de alimentos difícil. O relevo varia muito, estando presente em alguns locais as chapadas e em outras superfícies planas.

A Zona da Mata está presente na parte litorânea dos estados do Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe. O clima nesta região é Tropical Úmido, com pluviosidade significativa (comparado com as outras subdivisões da região), a vegetação predominante é a Mata Atlântica. O turismo é a principal fonte econômica, mas a agricultura e a indústria petroquímica também se destacam.


Na região Nordeste estão presentes as seguintes bacias hidrográficas: Parnaíba, São Francisco, Atlântico Nordeste Oriental, Atlântico Nordeste Ocidental e Atlântico Leste.

Foram abordadas em sala questões referentes à cultura e à economia, as taxas de analfabetismo, mortalidade infantil e densidade demográfica da região. Realizou-se uma intervenção com duração de duas aulas, trabalhou-se com vídeos (como este) e com a construção de mapas temáticos de localização e divisão político-administrativa da região.



Construção de mapas temáticos da região: esta etapa teve como objetivo aprimorar o conhecimento dos alunos sobre a divisão territorial da região e suas localização e dimensão no contexto do território nacional.


Conclui-se com esta intervenção com o presente conteúdo chamou a atenção dos alunos, especialmente porque foi possibilitado dinâmicas diferentes como a presença do vídeo e a produção de mapas de localização. 

Espaço urbano e espaço rural: atividade de ensino


Fabiane Ripplinger e Mirian Pegoraro
Bolsistas PIBID

Em tempos passados, o espaço rural era interpretado somente como o espaço não urbanizado em uma cidade, mas com o passar dos anos esse conceito adquiriu uma nova configuração, em decorrência da modernização e da mecanização do campo, através de programas de incentivos do Estado aos produtores rurais. Com isso, há uma crescente relação de interdependência entre o espaço rural e urbano, no qual o produtor rural depende de máquinas agrícolas, adubos químicos, sementes, entre outros disponíveis no meio urbano. Já o espaço urbano depende do espaço rural, através da produção de alimentos e matérias primas extraídas no espaço rural, utilizadas principalmente em indústrias.

Com a modernização e mecanização do campo houve um aumento da produção, porém muitas pessoas perderam seus empregos e a possibilidade de se manter no meio rural. Neste sentido ocorreu um fenômeno chamado êxodo rural, ou seja, a um deslocamento populacional do meio rural para o urbano.


Estas pessoas que saem do campo e vão para a cidade geralmente não conseguem um emprego fixo rapidamente, pois não possuem a qualificação necessária para ocupar as vagas disponíveis no mercado de trabalho neste local. Sucessivamente, há um problema com a moradia, pois sem emprego fixo, e necessitando pagar aluguel, água e luz, torna-se cada vez mais difícil sustentar a família, logo ficam endividados e o destino são as ruas ou constroem casas em favelas com o pouco dinheiro que conseguem no subemprego na cidade. A violência, a falta de saneamento básico, falta de vagas em creches, hospitais e pronto-atendimentos lotados, falta de medicamentos gratuitos nestes locais, são consequências de um crescimento populacional desordenado.


Imagens de diferentes pontos da cidade do espaço periurbano de Chapecó mostrando as interfaces entre o rural e o urbano e os contrastes socioespaciais. As fotos foram utilizadas nas exposições em aulas.
Fotos: Mirian Pegoraro (2015). 


A temática citada acima constitui-se como parte de uma intervenção escolar. As aulas deram-se de modo expositivas/participativas, utilizando quatro aulas com uma turma de sétimo ano na EEB São Francisco. Como objetivo desta intervenção, buscou-se que os alunos compreendessem as diferenças entre o espaço urbano e o rural, bem como as relações que existem entre ambos. Para isso, debateu-se o conteúdo com os alunos, resolveu-se exercícios, bem como confeccionou-se cartazes com posterior apresentação oral e para finalizar, foram apresentadas algumas fotos da cidade de Chapecó/SC. 


Os alunos elaboraram cartazes sobre as "dimensões socioespaciais do rural e do urbano".
Fotos: Fabiane Ripplinger (2015).

Como avaliação da intervenção, pode-se concluir que os alunos tiveram dificuldade no início, porém eram participativos e questionavam quando não entendiam. Isso torna a aula mais produtiva e contribui no processo de ensino aprendizagem. Pode-se afirmar que tanto os alunos como as bolsistas tiveram grande aprendizagem sobre a temática. Vale ressaltar que apesar de ter sido pouco tempo e talvez a metodologia não ter sido inovadora, configura-se como a primeira intervenção das bolsistas e certamente será qualificada. 


2 de setembro de 2015

Migrações internacionais e xenofobia: desconstruindo o raciocínio simplista xenófobo através do ensino de Geografia da População no Ensino Fundamental


Renato Canonico de Souza
Bolsista PIBID


O estudo da Geografia da População é fundamental para entender os mais diversos comportamentos populacionais das mais diversas sociedades e sua dinâmica no espaço. Um exemplo desses comportamentos é a Xenofobia, que, não raro, surge no âmbito de migrações internacionais. Em diversos lugares do mundo, durante a história recente da humanidade, foi possível notar que o entendimento de fatores e índices demográficos e econômicos são fundamentais para que se compreenda esse tipo de comportamento, oriundo das migrações massivas, aliados com problemas sociais dos lugares de êxodo e de chegada dos imigrantes.

Considerando que a cidade de Chapecó vive um lamentável sentimento crescente de xenofobia de sua população, devido a vinda principalmente de contingentes de haitianos para a cidade, que são marginalizados pelos segmentos da sociedade local, e também, que na Europa esse problema é vigente há mais tempo, com diversas outras etnias que foram e continuam sendo marginalizadas, foi proposto um trabalho, durante as aulas sobre a demografia europeia, numa classe de nono ano do ensino fundamental, por meio do projeto PIBID de Geografia. De curta duração, a oficina visava a desmistificação do raciocínio simplista que ronda nos debates sobre a xenofobia, e tinha o intuito de fazer a relação global e local dos lugares com estudantes de ensino fundamental do ensino público de Chapecó, além de trazer uma questão fundamental no debate da formação da cidadania no Brasil.

 A princípio, ao fim de uma aula sobre a evolução demográfica da Europa, ministrada pelo professor supervisor do projeto, foi passado um texto sobre como as crises financeiras, previdenciárias podem ser oriundas de índices demográficos, com os altos índices de população idosa em detrimento do índice de população jovem e adulta. Foram apresentadas, em seguida, duas aulas expositivas e teóricas. A primeira, sobre a definição de xenofobia e exemplos da história recente no continente europeu, e a segunda de como a evolução das fases demográficas desencadeiam num comportamento xenófobo das populações, sendo proposto no final um questionário com perguntas relacionadas à xenofobia no Brasil.


Semanas após, quando os alunos devolveram os questionários, o resultado foi satisfatório. Foi possível notar que os alunos assimilaram bem o conteúdo, houve participação e polêmica durante as aulas, e o raciocínio simplista de que imigrantes roubam os empregos da população local foi desconstruído durante as aulas e notável na resposta das questões solicitadas.

A Geografia da África em sala de aula


Daniela Feyh Wagner
Heitor Pugnolli
Wagner Weiand
Bolsistas PIBID


Durante o mês de junho e julho trabalhamos o continente africano com os alunos do 9º ano. Vimos suas características gerais, hidrografia, relevo, clima, localização, vegetação, aspectos sociais, população e economia.

Primeiramente apresentamos o documentário “África, uma história rejeitada”, o qual trata informações e evidências dos africanos primitivos, e as primeiras migrações para o continente, também a insistência dos colonizadores europeus em refutar as evidências de civilizações primitivas, para garantir suas terras e propriedades no continente, onde negam a história africana contada por primitivos e estabelecem “sua história”. Tal documentário trouxe maior questionamento aos alunos no que diz a África, onde puderam conhecer melhor a história do continente. Após discussão em sala, os alunos elaboraram um texto a respeito do documentário, baseando se em perguntas que passamos, e expressando seu entendimento a respeito deste e da África.


Abordando aspectos gerais, divisão política, relevo e vegetação, hidrografia e IDH, os alunos trabalharam em mapas, onde fizeram uma cópia e pintaram os mesmos. Também aproveitamos a disposição para uma atividade dinâmica e interativa, na qual os alunos pintaram a divisão continentes no fundo da sala, com uma divisão simples e colorida. Percebesse que tal atividade trouxe maior interesse dos alunos para com a geografia, dando maior enfoque nas aulas.




O mapa-múndi sendo pintado na parede da sala de aula pelos alunos da escola.
Sua confecção ajudou a motivar os alunos a participarem de toda a atividade de ensino-aprendizagem sobre o continente africano, além de contribuir na elevação da auto-estima coletiva dos mesmos ao coloca-los como agentes da construção do conhecimento e da decoração a la Geografia da sala de aula.



A pintura do mapa-múndi finalizada.
O referido mapa passou a ser frequentemente utilizado em aulas que envolvem localização em escala mundial.


Concluindo o assunto, os alunos, divididos em grupos, abordaram temas distintos do continente africano, aspectos políticos, físicos, econômicos, populacionais e sociais. Nele os alunos elaboraram cartazes e os apresentaram, o qual rendeu uma ótima discussão em sala, principalmente a aspectos sócio econômicos, debatendo e questionando assuntos como a causa da fome existente na África e formas de combatê-la.


Ao finalizar as atividades a respeito da África como continente, percebemos um maior senso crítico com questões sociais por parte dos alunos, cremos que eles poderão questionar melhor questões sociais e econômicas, além do aperfeiçoamento do conhecimento a respeito da África, principalmente sobre suas questões sociodemográficas e econômicas. Nestas atividades, os alunos demonstraram maior interesse, percebendo se na melhor elaboração delas.


27 de fevereiro de 2015

Interdisciplinaridade e formação acadêmica cidadã: o Ciclo de Formação Humanística dos subprojetos PIBID de Chapecó

Ederson Nascimento
Coordenador do Subprojeto PIBID Geografia


Desde o segundo semestre de 2014, os subprojetos PIBID do campus Chapecó da UFFS vêm elaborando uma atividade conjunta intitulada “Ciclo de formação humanística”, que tem o intuito de promover a leitura de textos clássicos de cada uma das áreas científicas envolvidas (Geografia, História, Filosofia, Letras, Ciências Sociais, Pedagogia e Interdisciplinar) considerados transversais, e portanto, fundamentais para a formação cidadã do indivíduo. 

São realizados encontros mensais para apresentação e debate dos textos. Até o momento já foram realizados quatro encontros, quais sejam: 

- Agosto: leitura do livro “O tempo e o vento”, de Érico Veríssimo, com debate conduzido pelo subprojeto de Letras;
- Setembro: leitura de “Discurso do método” de René Descartes, indicada pelo PIBID de Filosofia;
- Outubro: encontro organizado pelo nosso subprojeto, com leitura e debate da obra “O espaço do cidadão”, de Milton Santos, e;
- Novembro: dois capítulos do livro “Formação das almas: o imaginário da República no Brasil”, de José M. de Carvalho, sugeridos pelo PIBID de História.

Para cada um dos encontros, todos os participantes do PIBID (bolsistas, supervisores e coordenadores de área) fizeram a leitura dos textos indicados e participaram dos debates, cuja condução ficou a cargo dos bolsistas do subprojeto que indicou a obra. No caso do subprojeto de Geografia, foi feito ainda um debate da obra¹ do geógrafo Milton Santos em um encontro interno do grupo antes de realizar o debate com os demais subprojetos, a fim de dirimir dúvidas e orientar os estudantes para as apresentações.



Debate do livro "O espaço do cidadão", promovido pelo subprojeto PIBID de Geografia.
Na foto, da esquerda para a direita: Maycon Fritzen, Bernardo Luza, Verenice Pappis (bolsistas), Ederson Nascimento (coordenador de área), Daniela Wagner, Michelli Zamboni e Mirian Pegoraro (bolsistas).


Os encontros de formação, que prosseguirão em 2015, têm contribuído com a formação acadêmica e cidadã dos participantes, ao oportunizar a leitura de importantes obras oriundas de campos do conhecimento diferentes da área pessoal de graduação. Além disso, ajudou os pibidianos a desenvolverem sua oratória, ao oportuniza-los (e desafiados a) falar para uma plateia com número considerável de ouvintes, e de diferentes áreas do conhecimento científico. 


¹ Uma das mais importantes obras do pensamento geográfico e social, o livro "O espaço do cidadão", foi publicado em 1987 pela editora Nobel, tendo várias reedições posteriores. Atualmente, a íntegra do texto também está disponível para acesso livre na coletânea de textos de Milton Santos intitulada "O espaço da cidadania e outras reflexões" (item III.3), organizada pela Fundação Ulysses Guimarães.



Migrações forçadas, colonização e desigualdades sociais na América Latina: confecção de mapas de fluxos para o entendimento da dinâmica migratória

Daniela Feyh Wagner e Joel dos Santos Pereira
Bolsistas PIBID


Introdução

O termo migração corresponde à mobilidade espacial da população. Migrar é trocar de país, de Estado, de região, de cidade. Esse processo ocorre desde o início da história da humanidade. O ato de migrar faz do indivíduo um emigrante ou imigrante. 

Emigrante é a pessoa que deixa um lugar de origem com destino a outro lugar;
O imigrante é o indivíduo que chega em um determinado lugar para nele viver.

Dentre as migrações, tem-se as espontâneas e forçadas:

Migrações espontâneas – quando o sujeito planeja, espontaneamente, migrar para outro lugar, seja por motivo econômico, político ou cultural;
Migrações forçadas – quando o indivíduo se vê obrigado a migrar de seu lugar de origem, ou seja, migra contra sua própria vontade;

Com as grandes navegações e a expansão do capitalismo, registrou-se um grande aumento no fluxo de pessoas, principalmente vindo da Europa em direção às Américas. Devido a constante demanda de mão de obra e devido à proibição que a Igreja Católica impôs em escravizar os indígenas nativos para trabalhos forçados, os europeus buscaram na África esses trabalhadores, estimulando o aprisionamento de nativos no interior do continente, por meio de guerras tribais. Estes negros aprisionados eram posteriormente trocados por mercadorias e levados aos navios negreiros, nos quais eram transportados para trabalharem como escravos na Américas.

O tráfico de nativos africanos é considerado o maior fluxo migratório forçado já conhecido, que durou de meados do século XVI até meados do século XIX. O comércio envolveu a movimentação de mais de 3 milhoes de pessoas.

As colônias europeias da América Latina foram colônias de exploração, em que a terra servia somente para obtenção de lucros à metrópole, ou seja, tudo que era produzido ou retirado da natureza era levado embora. Não havia preocupação com o mercado interno das colônias, sendo que mais tarde, ao se tornarem repúblicas, os países recém livres estavam desestruturados.

De acordo com Boligian (2005, p. 99)

“Os países da América Latina possuem dívidas internacionais desde quando se tornaram independentes, devido aos onerosos gastos que tiveram durante o processo de descolonização ou até mesmo para custear suas despesas após desligarem-se das metrópoles”.  

As desigualdades começaram nas suas independências e continuaram aumentando, como pode-se perceber hoje, existindo uma grande desigualdade social nestes países, sendo a região mais desigual do continente Americano em termos econômicos, sociais e culturais.

A distribuição de renda é muito irregular, fazendo que haja bolsões de pobreza em todos os países. As populações na sua grande maioria vivem nos grandes centros, convivendo com o desemprego, subempregos, falta de educação, saúde e infraestruturas adequadas.

Durante décadas os países da América Latina vem tentando se livrar da dívida externa, sendo poucos os que conseguiram pular de países subdesenvolvidos para países em desenvolvimento.


Atividades desenvolvidas com duas turmas do oitavo ano

Após o estudo de conceitos referentes às migrações, à colonização das Américas, houve um estudo mais aprofundado sobre migrações forçadas (o tráfico negreiro), com a exibição de parte do filme “La Amistad” (1997). Com o recorte do filme, os alunos puderam perceber como eram tratados os escravos, as injustiças que sofriam.

Após o vídeo, foram desenvolvidas atividades em 3 etapas:

1. Os alunos elaboraram vídeos sobre a África, mostrando as desigualdades existentes no país, como também fizeram pesquisas sobre a cultura, onde trouxeram à aula músicas sobre o continente africano;
2. Houve a elaboração de mapas de fluxo, em que com o uso da Cartografia foi possível o entendimento da dinâmica dos fluxos migratórios forçados da África em direção às Américas;
3. Como terceira e última atividade avaliatória, foi elaborado um questionário para ser respondido pelos alunos, sobre tudo o que foi estudado sobre migrações, como também sobre as desigualdades sociais resultantes do processo de colonização.



Mapas de fluxos sendo elaborados.



Um dos mapas de fluxos produzidos pelos estudantes.


Foi possível perceber o interesse que ambas as turmas apresentaram em relação ao assunto, principalmente em relação à produção dos mapas de fluxo. O contato com a cartografia destacou a habilidade de alguns alunos com desenhos. Outra atividade, a produção de vídeos sobre a África mostrou a habilidade de outros, sobre elaboração e edição de imagens, seleção de músicas. A atividade com as perguntas gerais sobre as temáticas abordadas infelizmente não foi muito proveitosa, pois foram poucos os alunos que devolveram o questionário respondido, entretanto os que devolveram haviam elaborado boas respostas.

O trabalho realizado mostrou-se muito proveitoso, com resultados muito positivos para nós, professores em formação.


Estrutura etária e população da Europa: estratégias em sala de aula

Maycon Fritzen e Renato Canonico de Souza
Bolsistas PIBID


Para cada tema que nos propomos a trabalhar em sala de aula, surgem dificuldades quanto às possibilidades de organizar uma metodologia que torne a atividade instigante e ao mesmo tempo aprofunde a construção do conhecimento com a participação dos alunos. Mais especificamente, quando observa-se em específico um continente, no nosso caso o continente europeu, já vislumbra-se para o conteúdo referente a estrutura etária e a população algumas possibilidades teóricas e práticas bastante efetivas.


Pensando nessas metodologias possíveis, traçou-se a estratégia de construir um entendimento processual de conceitos fundamentais da demografia, para entende-los numa teoria maior de evolução demográfica para então observar o caso específico de Europa, mas também colocando como comparativo próximo à realidade dos alunos o caso brasileiro. Nesse sentido, estudaram-se primeiramente as taxas de natalidade, mortalidade e a expectativa de vida. Esses três dados articulados formam a tese central da teoria de transição demográfica, que explica muito da realidade do crescimento e envelhecimento da população e diferentes países. Conhecendo os conceitos, os alunos compreenderam facilmente a construção do seguinte gráfico:



Fases da transição demográfica
Fonte: UOL Educação



O gráfico foi construído na lousa, apresentando fase a fase da transição e exemplificando os motivos e cada mudança, relacionados principalmente ao estilo de vida da população e os avanços científicos no campo da saúde. Dessa forma já foi possível fazer o paralelo com a própria trajetória dos alunos, que tem na sua maioria os avós vindos do campo, os pais participando do processo de êxodo rural e eles próprios a geração que nasce e cresce no contexto urbano. Finalmente o terceiro momento da aula com o 9º ano foi dedicado a observar como isso se reflete nas pirâmides etárias de cada década, apresentando as pirâmides etárias de diferentes países da Europa, da década de 1980, 1990 e de 2010. Com o suporte teórico de artigos que tratam o comparativo com o caso brasileiro, também é possível estabelecer um paralelo com o Brasil, bastando colar na lousa as pirâmides etárias previamente impressas para tal fim. 

A atividade foi bastante produtiva e deu conta de abarcar conteúdos e conhecimentos que o próprio livro didático não traz no seu texto, limita-se apenas a mencionar em algumas frases. Esse exercício de observar primeiramente uma construção teórica e posteriormente dados demográficos mais antigos e atuais conseguiu mostrar como efetivamente se dá o processo de transição demográfica e explicar boa parte das dificuldades que os países europeus enfrentam hoje, com o envelhecimento da população.


Leitura Sugerida

SILVA, Barbara-Christine Nentwig. SILVA, Maina Pirajá . Brasil e Europa: uma análise comparativa das estruturas etárias. Scripta Nova (Barcelona), v. XIV, p. 310-322, 2010.