7 de outubro de 2014

O desenvolvimento sustentável na escola


Bernando Luza, Edcléia Ambrosini Pedon,
Michelli Zamboni e Verenice Pappis
Bolsistas PIBID


Desde meados do século XX, nossas principais conquistas em relação ao bem-estar humano resultaram, sobretudo, de extrair da natureza tudo o que ela pode nos oferecer. Assim, devido ao crescente uso e consequente degradação do ambiente natural, busca-se hoje uma consciência cada vez maior de que nossa dependência pelo meio ambiente, podendo levar a novos esforços para reverter o declínio dos recursos naturais.

O Brasil apresenta em sua matriz energética uma participação expressiva da geração hidrelétrica, no entanto, a construção de reservatórios para a geração de energia elétrica provoca impactos nos meios físico, biológico e social que causam alterações na economia das regiões afetadas pelas usinas hidrelétricas. Assim, o desenvolvimento econômico e a proteção ambiental podem e devem crescer em equilíbrio, justificando e revelando o grau de maturidade social e cultural de um povo, bem como a utilização plena da razão na satisfação dos desejos humanos.

Para realizar algumas intervenções referentes ao assunto em sala de aula e, desta forma, conscientizar os alunos da escola, começamos um trabalho didático-pedagógico na Escola Tancredo Neves baseado na perspectiva do desenvolvimento sustentável. Este não deve ser visto como uma revolução, ou seja, uma medida brusca que exige rápida adaptação e sim um conjunto de intervenções graduais e progressivas tomadas a fim de integrar o progresso ao meio ambiente para que se consiga, em parceria, promover o desenvolvimento socioeconômico sem degradar o ambiente. O progresso e o crescimento populacional trouxeram consigo uma grande preocupação sobre como continuar se desenvolvendo com qualidade, sendo que os recursos estão cada vez mais escassos.

Um dos principais objetivos das atividades didáticas realizadas foi mostrar que existem diversas maneiras de conservar o meio ambiente, porém, isso é dever de todos, trabalhando de forma coletiva para melhorar cada vez mais o espaço em que vivemos.

Logo de início, orientamos e direcionamos algumas atividades referentes ao assunto com os alunos do oitavo e nono anos do ensino fundamental. Primeiramente, os alunos tiveram uma palestra realizada pela Polícia Ambiental de Chapecó, na qual foram apresentadas informações importantes para a prática da cidadania e o trabalho na comunidade, preservando a natureza e os seres que nela habitam.

Complementando a palestra, os alunos participaram de uma trilha ecológica na sede da Polícia Ambiental, aprendendo um pouco mais sobre as espécies de plantas existente naquele local e suas contribuições para a humanidade. Ainda na trilha, aprenderam a fazer um minhocário, que auxilia na decomposição de matéria orgânica produzida. Logo após, passaram na sala “museu”, onde há um conjunto de animais taxidermizados provenientes da mata nativa da região, que foram encontrados mortos e recolhidos pelo minimuseu.



Estudantes na trilha ecológica da Polícia Ambiental de Chapecó.


Em sala de aula, a primeira atividade realizada foi uma apresentação do que é o desenvolvimento sustentável. Em seguida, a turma foi dividida em grupos para trabalharem com  alguns textos e com os seguintes temas: a chuva ácida e como ela acontece; a poluição do ar e às doenças respiratórias; água, por que preservar e não poluir; como e por que devemos separar o lixo; o que é desmatamento e suas causas, e; a causa das queimadas e como evitá-la. Foi solicitado aos alunos, que produzissem um texto relacionando o que foi trabalhado na palestra, na trilha e o que tratava o texto distribuído.



Momento da produção textual pelos alunos. 


Finalizando o tema, os alunos leram seus textos para os colegas, explicando desta forma os principais motivos de se preservar e as consequências decorrentes da falta de atenção com os recursos naturais.  

Concluímos, juntamente com os alunos, que o conceito da sustentabilidade surge, então, com a necessidade de desenvolver atividades que durem em longo prazo, se auto mantendo, abastecendo o presente e preservando a sobrevivência futura da atividade. O desenvolvimento sustentável propõe a sustentabilidade em todos os setores, em especial no meio ambiente, pois este é formado recursos essenciais à sobrevivência humana e precisam ser sustentáveis para atender às necessidades básicas. 

29 de setembro de 2014

A Geopolítica na Sala de Aula

Maycon Fritzen
Bolsista PIBID


Em primeira vista a Geopolítica aparenta ser uma área do conhecimento geográfico que acolhe uma gama de conteúdos muito sistemáticos e rígidos, intransponível por práticas pedagógicas diferenciadas. A compreensão da organização do espaço mundial a partir da disputa de poder entre grupos sociais ou mesmo entre países é sempre composta de esquemas conceituais e de uma sequência de fatos históricos, o que perpassa de antemão um roteiro “tradicional” de ensino, e não dá abertura para atividades mais lúdicas em sala de aula. No contexto escolar, se buscamos uma Geografia renovada, precisamos arejar não apenas os seus conteúdos e o modo como são organizados, mas também o modo como se dá o trabalho pedagógico em sala de aula.

É nesse sentido que buscamos realizar com os alunos da turma de nono ano (92) da EEB Tancredo Neves uma atividade intitulada E se a sala de aula fosse o mundo?, com o intuito de trazer as relações desiguais de disputa pela hegemonia econômica e militar para a sala de aula, aproximando à sala de aula de uma realidade que não se apresenta de maneira intensa no cotidiano dos alunos, mas que dita o ritmo do mundo através da hegemonia de alguns países  no campo geopolítico.

Primeiro dividiu-se os alunos em grupos de três, cada grupo com um país correspondente e que deveria selecionar entre os componentes do grupo um soldado, um presidente e um cidadão. Os países escolhidos previamente trazem extremos entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos, são eles: Estados Unidos, Brasil, México, Alemanha, China, Haiti, Senegal, Namíbia, Mongólia e Coréia do Norte. Na sequência, a riqueza econômica da sala, simbolizada pelas mochilas e material escolar dos alunos, foi redistribuída conforme a proporção do Produto Interno Bruto de cada país no contexto mundial. Países ricos acumularam mais mochilas do que integrantes, enquanto os países pobres ficaram com, no máximo, uma caneta. Na sequencia, redistribuíram-se os soldados integrantes dos grupos, com a China, Estados Unidos e Alemanha acumulando mais que um soldado segundo os dados disponíveis sobre as forças armadas de cada país.

Depois de organizados os grupos, países e redistribuições, a tarefa para o segundo momento foi iniciar a produção nacional, caracterizada pela elaboração de um texto com o título “O contexto geopolítico mundial após o final da Guerra Fria”, decorrente das discussões que já havíamos realizado em aulas expositivas anteriores. As primeiras dificuldades aparecem: como um país que não tinha as condições materiais poderia produzir? Afinal, havia grupos apenas com uma caneta. Então encaminhamos a reunião do nosso conselho da Organização das Nações Unidas – ONU, composto pelos presidentes de todos os países. Assim, alguns países como a China, ofereceram soldados para ajudar mesmo sem fornecer o material e a Alemanha providenciou “ajuda humanitária”, emprestando cadernos e canetas aos países pobres. Finalmente os alunos encaminharam a elaboração do texto, segundo o país com o qual foram sorteados. Na aula seguinte, foi necessário retomar a atividade, perfazendo novamente o caminho realizado durante a dinâmica com os alunos descrevendo sua experiência enquanto países ricos e países pobres.

Certamente a renovação do ensino da Geografia escolar passa pela criatividade de quem está em uma posição de responsabilidade direta pelo processo de ensino, aprendizagem e avaliação: o professor. É inerente ao labor professoral que sempre estejamos inovando, tanto em teorias-conteúdos como em práticas. A dinâmica do espaço geográfico sob a globalização faz com que a cada dia presenciemos um mundo mais complexo e de fluxos mais rápidos, sendo assim, porque vamos perder a oportunidade de também inovar e (re)invertar a cada dia nossas práticas em sala de aula? É libertando-se das amarras do ensino tradicional e caminhando na direção de um ensino dinâmico e criativo que tornaremos a Geografia um campo do conhecimento científico cada vez mais apaixonante aos nossos alunos.


28 de agosto de 2014

Compreendendo conhecimentos da Cartografia: relato de experiência em sala de aula

Cleone Stülp e Joel Pereira
Bolsistas PIBID

Com o objetivo de ensinar melhor o conteúdo da Cartografia aos alunos do sétimo ano da E.E.B. São Francisco, foi desenvolvida uma atividade de confecção de mini globos pelos alunos de duas turmas, a fim de que compreendessem o valor do tema, apesar da sua complexidade. Os desafios são ainda maiores quando docentes da área desenvolvem um projeto com abordagem prática, que inclua participação efetiva dos alunos da classe escolar, no resultado.

Com orientação da professora Norma, supervisora do PIBID na referida escola, foi desenvolvida uma atividade relacionada à Cartografia, com ênfase no conteúdo sobre coordenadas geográficas. Dedicamo-nos especialmente a repassar aos estudantes o uso prático dos conceitos geográficos, atrelados a necessidades do cotidiano, como a divisão em fusos horários e o uso correto de alguns termos da Geografia.

A atividade específica consistiu em várias etapas até a conclusão: inicialmente, foi exibido um vídeo curto, referente aos conceitos de fusos horários, coordenadas geográficas a partir das latitudes e longitudes e suas diferenças, entre outros conceitos. Os alunos foram estimulados ao reconhecimento dos elementos em suas vidas, no dia-a-dia, de forma efetiva; também foram orientados à concentração em tarefas desse porte e no exercício da dinâmica de grupo, onde haja necessidade de ajuda mútua.

Outra tarefa desenvolvida foi a manipulação de materiais pedagógicos, como réguas, trenas, e a prática com unidades de medida, incluindo a lida com figuras geométricas (esferas em isopor), para construção de globos com rede de coordenadas geográficas (vide fotos a seguir). Além disso, foi trabalhado o uso de transferência de escalas em representações de diferentes aspectos gráficos (linhas, pontilhados e círculos) nos traçados que passariam a representar os meridianos e paralelos.


 Momento da construção dos globos com paralelos e meridianos.


Alguns dos globos elaborados pelos estudantes. 


As atividades práticas elaboradas pelos alunos foram acompanhadas pelos bolsistas para orientações e esclarecimento de possíveis dúvidas. Por fim, os alunos desenvolveram seus próprios globos terrestres.

Ao longo do período das práticas, tivemos avanços e dificuldades. Um avanço considerado importante da nossa parte foi a fácil compreensão por parte dos alunos, que possibilitou contribuir e ajudar outros colegas na confecção dos globos terrestres. As dificuldades foram com alguns alunos, pelo fato de que a cada aula precisávamos retomar o que havíamos trabalhado na aula anterior, pois não lembravam em qual parte havíamos interrompido as atividades.

A conclusão das atividades ocorreu em forma de uma avaliação oral com cada turma, por questionamentos relacionados aos conceitos, desenvolvimento das aplicações da proposta e o levantamento das contribuições em relação aos conteúdos.  

Acreditamos que os resultados foram muito positivos, pois a atividade contribuiu para a melhor relação ensino/aprendizagem sobre o tema e ajudará os alunos em futuros trabalhos com temas semelhantes, que necessitem de concentração em tarefas dessa magnitude para um bom resultado.  


6 de agosto de 2014

Os meios de transporte e sua influência na organização espacial: atividade com sextas séries


Cristiane Stülp e Thiago Santolin
Bolsistas PIBID


Dando início as atividades do PIBID em sala de aula na Escola de Educação Básica São Francisco, foram desenvolvidas atividades sobre o tema “Meios de Transporte”, aplicadas com as duas turmas da sexta série, a fim de acrescentar o conhecimento dos alunos na prática, já que a teoria tinha sido aplicada pela professora supervisora. O objetivo dessas atividades foi mostrar aos alunos os tipos de meios de transporte existentes e as diversas formas que eles são utilizados pelas pessoas.

Inicialmente, as turmas 62 e 63 fizeram uma atividade no laboratório de informática na qual onde eles pesquisaram o que são meios de transporte, quais os tipos de transporte existentes, qual a influência dos mesmos na organização espacial etc. Em seguida, foram apresentados três vídeos educativos sobre o tema, e após uma explicação, discussão e troca de ideias, assim todos tiveram a oportunidade para tirarem suas dúvidas sobre o tema. 

Posteriormente, foram confeccionados cartazes com figuras dos diversos meios de transporte existentes. Na sequência foi realizada uma dinâmica com os alunos, onde foram feitas rodadas de perguntas sobre o tema, questões trabalhadas nas aulas anteriores. Por fim, cada aluno fez um desenho sobre um tipo de meio de transporte sobre a qual foi conversado em sala de aula, e a realização destas atividades resultou em uma nota bimestral.



Elaboração de cartazes com a turma 62
 (Foto: Thiago Santolin, 2014).



Rodadas de perguntas com a turma 63
 (Foto: Thiago Santolin, 2014).


Essas atividades foram desenvolvidas em várias aulas, uma vez que a meta era possibilitar que os alunos entendessem o tema abordado de forma diferente, e como foi solicitado que era para trabalharmos dinâmicas com os alunos, exploramos o tema de diversas maneiras.

Observou-se os objetivos foram alcançados e chegou-se à conclusão de que atividades diferentes precisam ser realizadas mais vezes com os alunos. Com elas a participação deles nas aulas é maior, pois os estudantes se envolvem no tema e até trazem fatos do seu cotidiano. Consequentemente, mostram um interesse maior nas aulas da disciplina e os resultados são melhores. 



5 de agosto de 2014

Subprojeto Geografia de Chapecó participa do II Encontro Catarinense do PIBID


Cleone Stülp, Thiago Santolin e Verenice Pappis
Bolsistas PIBID

Nos dias 21 e 22 de julho de 2014, representamos o subprojeto PIBID/Geografia de Chapecó no II Encontro Catarinense do PIBID, realizado na cidade de Itajaí/SC. O evento, organizado pela Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) juntamente com instituições superiores de ensino no estado de Santa Catarina e com a rede de ensino básico de Itajaí, teve como objetivo a integração dos PIBID’s de várias Universidades do estado para um aperfeiçoamento dos conhecimentos, e preparar cada vez mais os alunos para um melhor ensino aprendizagem e uma boa formação do futuro professor.
O evento nos proporcionou um aprimoramento do conhecimento sobre o que é o PIBID, bem como entender o porquê da existência deste programa, a relação entre a teoria e a prática e os desafios que devemos superar. Reforçou para nós a importância de um preparo adequado para uma melhor atuação profissional, e da responsabilidade social dos bolsistas.  
Um dos pontos que mais chamou a nossa atenção ocorreu no primeiro dia, onde os bolsistas de cada curso de graduação se reuniram para conversar e discutir os pontos positivos e negativos do programa. Nessa atividade, percebeu-se que o ensino precisa de muitas melhorias, principalmente na infraestrutura e mais materiais para melhor trabalho dos docentes e aprendizado de alunos. 


Presença no evento: da esquerda para a direita, os bolsistas Cleone, Verenice e Thiago.

As oficinas realizadas no evento foram um aspecto positivo, pois elas trataram de uma maneira prática e simples, de como se pode trabalhar um determinado assunto em sala de aula e/ou fora dela, e quais os recursos que podem ser usados com as metodologias mais adequadas. Porém, as oficinas aconteciam simultaneamente, o que possibilitava participar apenas de uma delas. Houve apresentação de trabalhos, com especialistas nas áreas que discutiam o tema e alunos que apresentaram os resultados de algumas experiências que já vinham sendo realizados em algumas escolas.
Concluímos que a participação no evento foi de grande importância. Uma pena que nem todos os bolsistas puderam desfrutar deste momento. A interação com os demais pibidianos, a troca de experiências e novas aprendizagens foram de extrema relevância para termos um melhor referencial sobre como trabalharmos em nossas escolas de atuação.


Avaliação do ensino-aprendizagem: um olhar a partir da experiência com conselhos de classe


Bernardo Luza e Cleone Stülp
Bolsistas PIBID


A realidade atual exige mudanças no processo de formação docente que vão além da inserção de novos conteúdos, reorganização de carga horária, adoção de novos conceitos e ações. Então, acreditamos que a interação entre a teoria e a prática, pelo confronto do conhecimento teórico com a realidade vivida no cotidiano das escolas, ajuda na superação das limitações presentes nos cursos de formação de professores.
As experiências proporcionadas pelo projeto PIBID são riquíssimas para “aprender a ser professor”. Aprende-se a como se comportar e como resolver os problemas na sala de aula, como entender e trabalhar melhor com os conteúdos, como lidar com os alunos e cuidar da disciplina, como pesquisar e buscar novas metodologias, como atender os alunos com maiores dificuldades, como adquirir mais segurança e autoconfiança, dentre outros.
O conselho de classe nas duas escolas (Tancredo de Almeida Neves e São Francisco) teve a participação dos licenciandos de Geografia da Universidade Federal da Fronteira Sul integrantes do projeto PIBID. O conselho de classe é importante para uma análise do ensino e da aprendizagem, pois propicia uma avaliação qualitativa, olhares de diversos professores, análise de diferentes registros do acompanhamento da aprendizagem dos alunos, a discussão da aprendizagem dos alunos, planejamento das intervenções para superar as dificuldades e a socialização do que está dando certo. O principal objetivo do conselho de classe é avaliar o aluno de forma integral, por meio de diferentes olhares. É momento de síntese que precisa ser coerente com a proposta pedagógica que está sendo desenvolvida.
Ao longo do encontro foram avaliados os alunos do ensino fundamental e médio, bem como verificada a atual situação ou desempenho escolar, anotando na tabela individual (onde consta nome do aluno, foto, turma, se trabalha ou não, e relação de disciplinas) para posteriormente haver ou não a possível chamada dos pais para repassar as informações necessárias.
Quando ocorre o Conselho de Classe, discute-se as concepções de avaliação escolar presentes nas práticas educativas dos professores. Neste sentido, a importância dos Conselhos de Classe e dos processos avaliativos da escola está nas possibilidades e capacidades de leitura coletiva da prática, bem como diante do reconhecimento compartilhado das necessidades pedagógicas, de modo a mobilizar esse coletivo no sentido de alterar as relações nos diversos espaços da instituição. 
Avaliar é tarefa antiga das escolas. Existe desde a sua criação e, embora haja variedade nas formas da atividade avaliativa, ela manteve, ao longo dos séculos, certo caráter punitivo, presente ainda hoje nas escolas que valorizam a verificação em detrimento da avaliação, como afirma Cipriano Luckesi [1]. Assim, o que hoje se observa é que a avaliação está centrada no desempenho cognitivo dos alunos, sem referência a um projeto de escola ou ao trabalho docente, objetos também de avaliação.  Os processos de avaliação escolar refletem os posicionamentos dos profissionais e são fundamentados pelas concepções de escola, de ensino, do papel do professor, do papel do aluno, que cada um possui.
A organização e as condições de trabalho do professor apresentam-se como fatores determinantes no processo e orientam as diferentes práticas docentes. A transformação da prática pedagógica liga-se estreitamente à alteração da concepção de avaliação porque a construção do processo avaliativo expressa o conhecimento da e sobre a escola. É fundamental compreender a relação que eles desenvolvem com o conhecimento e como gerenciam a vida escolar para, quando necessário, propor as intervenções adequadas. 

Referência
[1] LUCKESI. Cipriano C. Verificação ou avaliação: o que pratica a escola? In: Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 15. ed. São Paulo: Cortez, 2003.





4 de agosto de 2014

Espaços escolares: observações no âmbito do PIBID/Geografia

Michelli Zamboni e Mirian Pegoraro
Bolsistas PIBID


A realidade em sala de aula e o convívio com a comunidade escolar são sempre surpreendentes e imprevisíveis, tendo em vista a grande diversidade sociocultural presente nas escolas. Faz-se necessário cada vez mais a convivência no ambiente escolar, principalmente na formação de professores. Os aspectos que fazem parte da observação dos espaços escolares e da comunidade escolar são, de fato, muito importantes para a iniciação à docência. O contato com a escola pública é motivador para a formação de bons professores, pois quando estamos do lado de fora deste ambiente muitas vezes criticamos a gestão escolar, porém, quando há a oportunidade de atuar na escola, pode-se observar as dificuldades encontradas e perceber outra realidade.
O grupo de doze estudantes do Subprojeto PIBID de Chapecó, edição 2014, foi dividido em dois grupos: um foi para a Escola Tancredo de Almeida Neves, localizada no bairro Efapi, e o outro grupo foi para a escola São Francisco, situada no bairro Seminário. Durante a primeira visita, foram feitas observações do ambiente escolar e realizados os primeiros contatos com seus colaboradores.
As escolas são extremamente diferentes. Nem sempre são as mais adequadas e se diferenciam na estrutura, na comunidade, na localização, na parte socioeconômica das famílias. A estrutura da Escola Tancredo Neves é ampla, com ginásio para esportes e diversas atividades, muitos laboratórios, 15 salas de aulas, espaço para refeições, biblioteca em bom estado e organização, com apenas algumas falhas na construção do prédio da escola. As turmas da escola com que trabalhamos, têm bom comportamento, porém interagem muito pouco com o conteúdo e com os professores. Os pais pouco comparecem no ambiente escolar, só quando solicitados, e ainda assim, muito pouco.
A escola enfrenta um problema de cultura na comunidade escolar, pois há pouca aceitação do Ensino Médio Inovador, que institui o ensino em tempo integral na referida escola, não deixando, assim, tempo para os estudantes trabalharem fora. A localização é em um bairro periférico da cidade (Efapi), mas que não influência no processo de aprendizagem dos alunos. 

Entrada da Escola Tancredo Neves
(Foto: Bernardo Luza, 2014).

Laboratório de Informática da Escola Tancredo Neves
(Foto: Bernardo Luza, 2014).

Diferentemente da Escola Tancredo de Almeida Neves, a Escola São Francisco está situada no meio do bairro Seminário, ao sul da cidade de Chapecó. O entorno da escola é bastante diversificado, no qual existem grandes diferenças no perfil socioeconômico das famílias. Sendo a única escola do bairro, abrange desde a primeira série até o último ano do ensino médio. A escola conta hoje com 13 salas de aula, distribuídas em três alas, possui uma biblioteca, um laboratório de informática, uma sala do SAEDE que é para alunos que necessitam de atendimento especial. Não possui um ginásio para a prática de esportes, apenas uma quadra de areia e uma quadra de esportes que não possui cobertura.
Em geral a escola procura se organizar conforme a estrutura que têm à sua disposição. O estado de conservação não é dos melhores. Por um lado, a estrutura da escola é bastante limitada, e por outro, o terreno é grande o suficiente para se ter mais infraestrutura e espaço para atender as necessidades do ambiente. Para a integração dos alunos somente há um pátio, não muito grande, coberto, onde também são servidos os lanches na hora do intervalo e uma área maior a céu aberto. Os alunos não tem outra opção a não ser usar esses espaços com muitas limitações e socializando com os outros colegas.
Os espaços para estudos na escola são muito limitados, pois os alunos têm à disposição as salas de aula, uma pequena biblioteca e um pequeno laboratório de informática. A escola possui várias tecnologias disponíveis a serem exploradas pelos professores, porém todos necessitam de agendamento prévio pela pouca quantidade de aparelhos audiovisuais disponíveis.
As turmas que foram observadas até o momento são agitadas, participativas, porém, muitas vezes a professora não consegue começar a aula, pois a existência de muita conversa e agitação e alunos indisciplinados. Os pais ou responsáveis vão à escola quando a direção solicita o comparecimento dos mesmos.


Entrada da Escola São Francisco.
(Foto: Mirian Pegoraro, 2014).


Vista de uma das salas de aula da Escola São Francisco.
(Foto: Mirian Pegoraro, 2014).


A partir das observações das duas escolas, pudemos perceber a importância do exercício da observação, agora não como alunos, mas como acadêmicos que caminham rumo à docência. E é isso que o PIBID nos proporciona: uma ampla vivência no ambiente escolar, contribuindo para nossa formação a partir da inserção do licenciando na observação de aulas, no convívio com alunos e professores, direção e colaboradores.


29 de julho de 2014

Trabalho de campo como atividade de ensino: ensino médio inovador na Usina Hidrelétrica de Itá (SC)

Bruna Keschner e Maycon Fritzen
Bolsistas PIBID


No último dia 13 de junho de 2014, os alunos do segundo e terceiro ano do Ensino Médio Inovador da EEB Tancredo de Almeida Neves, acompanhados do Prof. Mário Toldo Cunha e dos bolsistas do Pibid de Geografia Bruna Keschner e Maycon Fritzen realizaram trabalho de campo na Usina de Itá, com visitas ao Centro de Divulgação Ambiental, Usina Hidrelétrica de Itá e cidade de Itá, como atividade da Oficina Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. A oficina teve como proposta principal discutir as relações entre ambiente e desenvolvimento no contexto geopolítico da Nova (Des)Ordem Ambiental Planetária e do capitalismo neoliberal, relacionando temas discutidos na Geografia acadêmica e na grade curricular das turmas do segundo ano do Ensino Médio Inovador.

O trabalho de campo deu-se após a realização de aulas expositivo-dialogadas em sala de aula, contemplando a discussão sobre as relações entre a sociedade e o ambiente, o capitalismo e a questão ambiental, o discurso e a prática sustentável. Ainda em sala de aula os bolsistas apresentaram conteúdos sobre o contexto histórico-geográfico de Itá, impactos ambientais e sociais decorrentes da instalação da usina e os quesitos de avaliação do relatório de campo, atividade decorrente da realização de campo.

O grupo partiu da EEB Tancredo de Almeida Neves por volta das 8 horas e ainda na parte da manhã assistiu ao vídeo institucional e conheceu os projetos ambientais e sociais desenvolvidos pelo Consórcio Itá, proprietário da UHE Itá, no Centro de Divulgação Ambiental (CDA). Na parte da tarde o guia Rafael, disponibilizado pelo CDA para acompanhar a visita a UHE Itá, acompanhou o grupo na visita ao vertedouro principal, barramento, tomada d’água e casa de máquinas, fornecendo informações importantes para compreender os impactos locais ao ambiente e o funcionamento de um grande empreendimento hidroelétrico.








Na semana seguinte ao trabalho de campo foi realizada novamente em sala de aula uma roda de conversa para discutir em cada turma os temas observados em campo e, na sequencia, foi encaminhada uma atividade de grupos para elaboração e painéis sobre o trabalho de campo. Todas essas atividades visaram auxiliar os alunos na reflexão sobre a realidade observada, para subsidiar a construção dos relatórios de campo.

Muitas vezes a prática de sala de aula contribui pra naturalizar uma inversão de direção na construção do conhecimento geográfico: os alunos assimilam que a Geografia está apenas no livro didático e no conteúdo de sala de aula. No entanto, o real movimento de construção do conhecimento Geográfico se dá a partir da realidade, onde a Geografia não está primeiramente nos livros didáticos ou unicamente no conteúdo do currículo escolar, e sim no mundo real-material-social que nos rodeia. É preciso desmistificar a Geografia escolar e mostrar ao aluno que há Geografia(s) lá onde ele mora, onde ele se encontra com o seu contexto espacial que também é geográfico. O trabalho de campo como atividade pedagógica contribui para a construção conjunta professor-aluno de uma Geografia da/na realidade e da/na vivência cotidiana.