29 de julho de 2014

Trabalho de campo como atividade de ensino: ensino médio inovador na Usina Hidrelétrica de Itá (SC)

Bruna Keschner e Maycon Fritzen
Bolsistas PIBID


No último dia 13 de junho de 2014, os alunos do segundo e terceiro ano do Ensino Médio Inovador da EEB Tancredo de Almeida Neves, acompanhados do Prof. Mário Toldo Cunha e dos bolsistas do Pibid de Geografia Bruna Keschner e Maycon Fritzen realizaram trabalho de campo na Usina de Itá, com visitas ao Centro de Divulgação Ambiental, Usina Hidrelétrica de Itá e cidade de Itá, como atividade da Oficina Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. A oficina teve como proposta principal discutir as relações entre ambiente e desenvolvimento no contexto geopolítico da Nova (Des)Ordem Ambiental Planetária e do capitalismo neoliberal, relacionando temas discutidos na Geografia acadêmica e na grade curricular das turmas do segundo ano do Ensino Médio Inovador.

O trabalho de campo deu-se após a realização de aulas expositivo-dialogadas em sala de aula, contemplando a discussão sobre as relações entre a sociedade e o ambiente, o capitalismo e a questão ambiental, o discurso e a prática sustentável. Ainda em sala de aula os bolsistas apresentaram conteúdos sobre o contexto histórico-geográfico de Itá, impactos ambientais e sociais decorrentes da instalação da usina e os quesitos de avaliação do relatório de campo, atividade decorrente da realização de campo.

O grupo partiu da EEB Tancredo de Almeida Neves por volta das 8 horas e ainda na parte da manhã assistiu ao vídeo institucional e conheceu os projetos ambientais e sociais desenvolvidos pelo Consórcio Itá, proprietário da UHE Itá, no Centro de Divulgação Ambiental (CDA). Na parte da tarde o guia Rafael, disponibilizado pelo CDA para acompanhar a visita a UHE Itá, acompanhou o grupo na visita ao vertedouro principal, barramento, tomada d’água e casa de máquinas, fornecendo informações importantes para compreender os impactos locais ao ambiente e o funcionamento de um grande empreendimento hidroelétrico.








Na semana seguinte ao trabalho de campo foi realizada novamente em sala de aula uma roda de conversa para discutir em cada turma os temas observados em campo e, na sequencia, foi encaminhada uma atividade de grupos para elaboração e painéis sobre o trabalho de campo. Todas essas atividades visaram auxiliar os alunos na reflexão sobre a realidade observada, para subsidiar a construção dos relatórios de campo.

Muitas vezes a prática de sala de aula contribui pra naturalizar uma inversão de direção na construção do conhecimento geográfico: os alunos assimilam que a Geografia está apenas no livro didático e no conteúdo de sala de aula. No entanto, o real movimento de construção do conhecimento Geográfico se dá a partir da realidade, onde a Geografia não está primeiramente nos livros didáticos ou unicamente no conteúdo do currículo escolar, e sim no mundo real-material-social que nos rodeia. É preciso desmistificar a Geografia escolar e mostrar ao aluno que há Geografia(s) lá onde ele mora, onde ele se encontra com o seu contexto espacial que também é geográfico. O trabalho de campo como atividade pedagógica contribui para a construção conjunta professor-aluno de uma Geografia da/na realidade e da/na vivência cotidiana.