14 de setembro de 2015

As desigualdades sociais no Brasil: o teatro usado como metodologia de ensino

Fabiane Ripplinger e Nadialine Zambot
Bolsistas PIBID

As desigualdades sociais acontecem em todos os países, entretanto com diferentes proporções, sendo ela mais expressiva em países em desenvolvimento. Entre as causas das desigualdades sociais estão a má distribuição de renda e recursos, a falta de investimentos na saúde e na educação, poucas oportunidades de trabalho, corrupção, entre outras causas.

Mas a social não é a única desigualdade existente no Brasil. Podemos citar outros tipos de desigualdades que advém da desigualdade social (ou contribuem para ela) como étnicas, raciais, culturais, regionais, de gênero no trabalho, econômicas, educacionais, entre outras. Entre os mais afetados pelos vários tipos de desigualdade estão as crianças e jovens, que se encontram despreparados para enfrentar o mercado de trabalho, não continuam os estudos e ficam sujeitos a marginalidade/criminalidade, ao mundo do crime e das drogas. A pobreza, fome, desnutrição, mortalidade infantil, favelização, desemprego, violência, entre outros estão entre as consequências dos diversos tipos de desigualdades.

A temática das desigualdades sociais foi trabalhada com uma atividade didática especial em turmas do oitavo ano do ensino fundamental na Escola São Francisco, utilizando-se uma representação teatral. Após uma aula ministrada pela professora supervisora do projeto referente ao tema supracitado e sob sua orientação os alunos deveriam fazer uma apresentação (cartazes, teatro, texto ou poesia), cada grupo pôde escolher com o que gostaria de trabalhar, os alunos produziram textos, cartazes e teatro, que foi uma forma diferente deles mostrarem como viam as desigualdades, que são explícitas atualmente. Como auxílio no entendimento do assunto, na aula seguinte, foi passado o filme “Escritores da liberdade” para que os alunos observassem as desigualdades existentes baseados em uma história real porem não brasileira.

Dando sequência nas atividades, acompanhamos as apresentações, sendo uma delas a de um teatro, com o objetivo de os alunos expressarem seu entendimento do assunto e de uma forma simples. Estes alunos, com o conhecimento adquirido em sala e com pesquisas, desenvolveram esta apresentação, tratando diversos tipos de desigualdades em uma família, sendo composta por quatro alunos do oitavo ano interpretando os papéis de mãe, duas filhas biológicas e um adotivo, sendo o filho adotivo excluído das atividades de lazer da família, sendo humilhado e obrigado a sujeitar-se as ordens das irmãs na ausência da mãe, e sendo muitas vezes responsabilizado pelas más ações delas, que rejeitavam-no por ser diferente e por acharem ele um intruso na família.


Confecção de cartaz e teatro apresentado pelos alunos.
Foto: Fabiane Ripplinger


Ao finalizar a atividade pode-se concluir que os alunos compreenderam a temática abordada e assim desmistificar o que é a desigualdade social e como ela acontece em todos os territórios, e não somente em alguns locais como eles haviam pensado. Eles nos surpreenderam com a coragem de apresentar aos colegas uma peça teatral, pois havia certa timidez no início, mas que com o passar da apresentação isso não se fez mais presente. Pode-se perceber que os outros alunos gostaram da apresentação dos colegas e que esta metodologia poderá ser mais explorada principalmente nesta turma.



13 de setembro de 2015

Conhecendo o Nordeste Brasileiro: experiência de ensino com turmas do sétimo ano do ensino fundamental


Fabiane Ripplinger e Mirian Pegoraro
Bolsistas PIBID

O Brasil é um país com grandes dimensões territoriais que são divididas em cinco regiões geográficas: Centro-Oeste, Nordeste, Norte, Sul e Sudeste. A região Nordeste, especificamente, é a terceira maior região do país, formada pelos estados de Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Esta região foi tema de um planejamento aplicado em uma turma de sétimo ano do Ensino Fundamental. 

A região Nordeste é uma região com diferentes características internas e por isso, o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) dividiu-a em quatro sub-regiões, a saber: Agreste, Meio Norte, Sertão, Zona da Mata. O Agreste é a área correspondente a transição entre o Sertão e a Zona da Mata, localizada no centro dos estados de Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe.  Com relevo acidentado, pode-se destacar o Planalto da Borborema bem como que seu clima é semiárido, com a vegetação predominante de Caatinga e a Mata Atlântica. Sua economia gira em torno da pecuária e da agricultura.

O Meio Norte corresponde a área de transição entre o Sertão (Nordeste) e a Amazônia (Norte), ocupa o estado do Maranhão e parcialmente o Piauí, com vegetação predominante da Mata dos Cocais e a economia advém principalmente do extrativismo vegetal, mineração e pecuária. O relevo é formado por chapadas e planaltos em sua maioria.

Sertão é a área de transição entre o Agreste e o Meio Norte, ocupa parcialmente os estados do Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe e totalmente o estado do Ceará. A vegetação predominante é a Caatinga, possui clima semiárido e a economia gira em torno da agricultura, porém sofre com a baixa pluviosidade tornando a produção de alimentos difícil. O relevo varia muito, estando presente em alguns locais as chapadas e em outras superfícies planas.

A Zona da Mata está presente na parte litorânea dos estados do Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Sergipe. O clima nesta região é Tropical Úmido, com pluviosidade significativa (comparado com as outras subdivisões da região), a vegetação predominante é a Mata Atlântica. O turismo é a principal fonte econômica, mas a agricultura e a indústria petroquímica também se destacam.


Na região Nordeste estão presentes as seguintes bacias hidrográficas: Parnaíba, São Francisco, Atlântico Nordeste Oriental, Atlântico Nordeste Ocidental e Atlântico Leste.

Foram abordadas em sala questões referentes à cultura e à economia, as taxas de analfabetismo, mortalidade infantil e densidade demográfica da região. Realizou-se uma intervenção com duração de duas aulas, trabalhou-se com vídeos (como este) e com a construção de mapas temáticos de localização e divisão político-administrativa da região.



Construção de mapas temáticos da região: esta etapa teve como objetivo aprimorar o conhecimento dos alunos sobre a divisão territorial da região e suas localização e dimensão no contexto do território nacional.


Conclui-se com esta intervenção com o presente conteúdo chamou a atenção dos alunos, especialmente porque foi possibilitado dinâmicas diferentes como a presença do vídeo e a produção de mapas de localização. 

Espaço urbano e espaço rural: atividade de ensino


Fabiane Ripplinger e Mirian Pegoraro
Bolsistas PIBID

Em tempos passados, o espaço rural era interpretado somente como o espaço não urbanizado em uma cidade, mas com o passar dos anos esse conceito adquiriu uma nova configuração, em decorrência da modernização e da mecanização do campo, através de programas de incentivos do Estado aos produtores rurais. Com isso, há uma crescente relação de interdependência entre o espaço rural e urbano, no qual o produtor rural depende de máquinas agrícolas, adubos químicos, sementes, entre outros disponíveis no meio urbano. Já o espaço urbano depende do espaço rural, através da produção de alimentos e matérias primas extraídas no espaço rural, utilizadas principalmente em indústrias.

Com a modernização e mecanização do campo houve um aumento da produção, porém muitas pessoas perderam seus empregos e a possibilidade de se manter no meio rural. Neste sentido ocorreu um fenômeno chamado êxodo rural, ou seja, a um deslocamento populacional do meio rural para o urbano.


Estas pessoas que saem do campo e vão para a cidade geralmente não conseguem um emprego fixo rapidamente, pois não possuem a qualificação necessária para ocupar as vagas disponíveis no mercado de trabalho neste local. Sucessivamente, há um problema com a moradia, pois sem emprego fixo, e necessitando pagar aluguel, água e luz, torna-se cada vez mais difícil sustentar a família, logo ficam endividados e o destino são as ruas ou constroem casas em favelas com o pouco dinheiro que conseguem no subemprego na cidade. A violência, a falta de saneamento básico, falta de vagas em creches, hospitais e pronto-atendimentos lotados, falta de medicamentos gratuitos nestes locais, são consequências de um crescimento populacional desordenado.


Imagens de diferentes pontos da cidade do espaço periurbano de Chapecó mostrando as interfaces entre o rural e o urbano e os contrastes socioespaciais. As fotos foram utilizadas nas exposições em aulas.
Fotos: Mirian Pegoraro (2015). 


A temática citada acima constitui-se como parte de uma intervenção escolar. As aulas deram-se de modo expositivas/participativas, utilizando quatro aulas com uma turma de sétimo ano na EEB São Francisco. Como objetivo desta intervenção, buscou-se que os alunos compreendessem as diferenças entre o espaço urbano e o rural, bem como as relações que existem entre ambos. Para isso, debateu-se o conteúdo com os alunos, resolveu-se exercícios, bem como confeccionou-se cartazes com posterior apresentação oral e para finalizar, foram apresentadas algumas fotos da cidade de Chapecó/SC. 


Os alunos elaboraram cartazes sobre as "dimensões socioespaciais do rural e do urbano".
Fotos: Fabiane Ripplinger (2015).

Como avaliação da intervenção, pode-se concluir que os alunos tiveram dificuldade no início, porém eram participativos e questionavam quando não entendiam. Isso torna a aula mais produtiva e contribui no processo de ensino aprendizagem. Pode-se afirmar que tanto os alunos como as bolsistas tiveram grande aprendizagem sobre a temática. Vale ressaltar que apesar de ter sido pouco tempo e talvez a metodologia não ter sido inovadora, configura-se como a primeira intervenção das bolsistas e certamente será qualificada. 


2 de setembro de 2015

Migrações internacionais e xenofobia: desconstruindo o raciocínio simplista xenófobo através do ensino de Geografia da População no Ensino Fundamental


Renato Canonico de Souza
Bolsista PIBID


O estudo da Geografia da População é fundamental para entender os mais diversos comportamentos populacionais das mais diversas sociedades e sua dinâmica no espaço. Um exemplo desses comportamentos é a Xenofobia, que, não raro, surge no âmbito de migrações internacionais. Em diversos lugares do mundo, durante a história recente da humanidade, foi possível notar que o entendimento de fatores e índices demográficos e econômicos são fundamentais para que se compreenda esse tipo de comportamento, oriundo das migrações massivas, aliados com problemas sociais dos lugares de êxodo e de chegada dos imigrantes.

Considerando que a cidade de Chapecó vive um lamentável sentimento crescente de xenofobia de sua população, devido a vinda principalmente de contingentes de haitianos para a cidade, que são marginalizados pelos segmentos da sociedade local, e também, que na Europa esse problema é vigente há mais tempo, com diversas outras etnias que foram e continuam sendo marginalizadas, foi proposto um trabalho, durante as aulas sobre a demografia europeia, numa classe de nono ano do ensino fundamental, por meio do projeto PIBID de Geografia. De curta duração, a oficina visava a desmistificação do raciocínio simplista que ronda nos debates sobre a xenofobia, e tinha o intuito de fazer a relação global e local dos lugares com estudantes de ensino fundamental do ensino público de Chapecó, além de trazer uma questão fundamental no debate da formação da cidadania no Brasil.

 A princípio, ao fim de uma aula sobre a evolução demográfica da Europa, ministrada pelo professor supervisor do projeto, foi passado um texto sobre como as crises financeiras, previdenciárias podem ser oriundas de índices demográficos, com os altos índices de população idosa em detrimento do índice de população jovem e adulta. Foram apresentadas, em seguida, duas aulas expositivas e teóricas. A primeira, sobre a definição de xenofobia e exemplos da história recente no continente europeu, e a segunda de como a evolução das fases demográficas desencadeiam num comportamento xenófobo das populações, sendo proposto no final um questionário com perguntas relacionadas à xenofobia no Brasil.


Semanas após, quando os alunos devolveram os questionários, o resultado foi satisfatório. Foi possível notar que os alunos assimilaram bem o conteúdo, houve participação e polêmica durante as aulas, e o raciocínio simplista de que imigrantes roubam os empregos da população local foi desconstruído durante as aulas e notável na resposta das questões solicitadas.

A Geografia da África em sala de aula


Daniela Feyh Wagner
Heitor Pugnolli
Wagner Weiand
Bolsistas PIBID


Durante o mês de junho e julho trabalhamos o continente africano com os alunos do 9º ano. Vimos suas características gerais, hidrografia, relevo, clima, localização, vegetação, aspectos sociais, população e economia.

Primeiramente apresentamos o documentário “África, uma história rejeitada”, o qual trata informações e evidências dos africanos primitivos, e as primeiras migrações para o continente, também a insistência dos colonizadores europeus em refutar as evidências de civilizações primitivas, para garantir suas terras e propriedades no continente, onde negam a história africana contada por primitivos e estabelecem “sua história”. Tal documentário trouxe maior questionamento aos alunos no que diz a África, onde puderam conhecer melhor a história do continente. Após discussão em sala, os alunos elaboraram um texto a respeito do documentário, baseando se em perguntas que passamos, e expressando seu entendimento a respeito deste e da África.


Abordando aspectos gerais, divisão política, relevo e vegetação, hidrografia e IDH, os alunos trabalharam em mapas, onde fizeram uma cópia e pintaram os mesmos. Também aproveitamos a disposição para uma atividade dinâmica e interativa, na qual os alunos pintaram a divisão continentes no fundo da sala, com uma divisão simples e colorida. Percebesse que tal atividade trouxe maior interesse dos alunos para com a geografia, dando maior enfoque nas aulas.




O mapa-múndi sendo pintado na parede da sala de aula pelos alunos da escola.
Sua confecção ajudou a motivar os alunos a participarem de toda a atividade de ensino-aprendizagem sobre o continente africano, além de contribuir na elevação da auto-estima coletiva dos mesmos ao coloca-los como agentes da construção do conhecimento e da decoração a la Geografia da sala de aula.



A pintura do mapa-múndi finalizada.
O referido mapa passou a ser frequentemente utilizado em aulas que envolvem localização em escala mundial.


Concluindo o assunto, os alunos, divididos em grupos, abordaram temas distintos do continente africano, aspectos políticos, físicos, econômicos, populacionais e sociais. Nele os alunos elaboraram cartazes e os apresentaram, o qual rendeu uma ótima discussão em sala, principalmente a aspectos sócio econômicos, debatendo e questionando assuntos como a causa da fome existente na África e formas de combatê-la.


Ao finalizar as atividades a respeito da África como continente, percebemos um maior senso crítico com questões sociais por parte dos alunos, cremos que eles poderão questionar melhor questões sociais e econômicas, além do aperfeiçoamento do conhecimento a respeito da África, principalmente sobre suas questões sociodemográficas e econômicas. Nestas atividades, os alunos demonstraram maior interesse, percebendo se na melhor elaboração delas.