5 de agosto de 2014

Avaliação do ensino-aprendizagem: um olhar a partir da experiência com conselhos de classe


Bernardo Luza e Cleone Stülp
Bolsistas PIBID


A realidade atual exige mudanças no processo de formação docente que vão além da inserção de novos conteúdos, reorganização de carga horária, adoção de novos conceitos e ações. Então, acreditamos que a interação entre a teoria e a prática, pelo confronto do conhecimento teórico com a realidade vivida no cotidiano das escolas, ajuda na superação das limitações presentes nos cursos de formação de professores.
As experiências proporcionadas pelo projeto PIBID são riquíssimas para “aprender a ser professor”. Aprende-se a como se comportar e como resolver os problemas na sala de aula, como entender e trabalhar melhor com os conteúdos, como lidar com os alunos e cuidar da disciplina, como pesquisar e buscar novas metodologias, como atender os alunos com maiores dificuldades, como adquirir mais segurança e autoconfiança, dentre outros.
O conselho de classe nas duas escolas (Tancredo de Almeida Neves e São Francisco) teve a participação dos licenciandos de Geografia da Universidade Federal da Fronteira Sul integrantes do projeto PIBID. O conselho de classe é importante para uma análise do ensino e da aprendizagem, pois propicia uma avaliação qualitativa, olhares de diversos professores, análise de diferentes registros do acompanhamento da aprendizagem dos alunos, a discussão da aprendizagem dos alunos, planejamento das intervenções para superar as dificuldades e a socialização do que está dando certo. O principal objetivo do conselho de classe é avaliar o aluno de forma integral, por meio de diferentes olhares. É momento de síntese que precisa ser coerente com a proposta pedagógica que está sendo desenvolvida.
Ao longo do encontro foram avaliados os alunos do ensino fundamental e médio, bem como verificada a atual situação ou desempenho escolar, anotando na tabela individual (onde consta nome do aluno, foto, turma, se trabalha ou não, e relação de disciplinas) para posteriormente haver ou não a possível chamada dos pais para repassar as informações necessárias.
Quando ocorre o Conselho de Classe, discute-se as concepções de avaliação escolar presentes nas práticas educativas dos professores. Neste sentido, a importância dos Conselhos de Classe e dos processos avaliativos da escola está nas possibilidades e capacidades de leitura coletiva da prática, bem como diante do reconhecimento compartilhado das necessidades pedagógicas, de modo a mobilizar esse coletivo no sentido de alterar as relações nos diversos espaços da instituição. 
Avaliar é tarefa antiga das escolas. Existe desde a sua criação e, embora haja variedade nas formas da atividade avaliativa, ela manteve, ao longo dos séculos, certo caráter punitivo, presente ainda hoje nas escolas que valorizam a verificação em detrimento da avaliação, como afirma Cipriano Luckesi [1]. Assim, o que hoje se observa é que a avaliação está centrada no desempenho cognitivo dos alunos, sem referência a um projeto de escola ou ao trabalho docente, objetos também de avaliação.  Os processos de avaliação escolar refletem os posicionamentos dos profissionais e são fundamentados pelas concepções de escola, de ensino, do papel do professor, do papel do aluno, que cada um possui.
A organização e as condições de trabalho do professor apresentam-se como fatores determinantes no processo e orientam as diferentes práticas docentes. A transformação da prática pedagógica liga-se estreitamente à alteração da concepção de avaliação porque a construção do processo avaliativo expressa o conhecimento da e sobre a escola. É fundamental compreender a relação que eles desenvolvem com o conhecimento e como gerenciam a vida escolar para, quando necessário, propor as intervenções adequadas. 

Referência
[1] LUCKESI. Cipriano C. Verificação ou avaliação: o que pratica a escola? In: Avaliação da aprendizagem escolar: estudos e proposições. 15. ed. São Paulo: Cortez, 2003.