3 de fevereiro de 2013

A sala de aula como um júri: uma experiência de ensino

Flávia Ruti Mass
Bolsista PIBID

A sala de aula é um local fundamental para a produção e aquisição de conhecimentos. E este processo se dá através do exercício de habilidades como a sistematização de ideias, a argumentação, o debate e a reflexão. Contudo, é de suma importância o desenvolvimento, no trabalho docente, de estratégias e metodologias que motivem e viabilizem a mobilizar tais habilidades, especialmente no trabalho com conteúdos cuja natureza é distante da realidade cotidiana dos mesmos. É com base nestes pressupostos que foi desenvolvida uma atividade semelhante a um júri, para o trabalho com conteúdos referentes à China, no caso, a política de controle demográfico (conhecida como “política do filho único”), e as características e críticas do regime econômico socialista e sua transição para o capitalismo.  

A ideia de trabalhar tais conteúdos na forma de júri surgiu após a professora ter trabalhado com os alunos do 9° ano, assuntos referentes ao Continente Asiático. Enquanto a professora da disciplina de Geografia explicava o conteúdo, os alunos demonstraram grande interesse pela China e suas especificidades, principalmente em relação ao controle do crescimento demográfico que é realizado pelo Governo no país, e também pelo modelo econômico vigente que é o socialismo. Considerou-se que realizar um júri seria adequado, pois os alunos pesquisando compreenderiam melhor os prós e os contra da política chinesa do filho único, bem como regime econômico socialista.

Após a professora ter, explanado sobre o conteúdo e feito atividades com os alunos, iniciou-se a atividade do júri. Primeiramente averiguou-se se eles sabiam o que era um júri, e em seguida foi explicado como este é feito. Para facilitar a compreensão dos mesmos, recomendou-se a alguns filmes que abordam a temática.

Na etapa seguinte, dividiu-se a turma em dois grupos (determinados identificados como números 1 e numero 2), o primeiro ficou responsável pela defesa da política do filho único e da economia socialista, e o segundo com a acusação, no caso, com as críticas à política demográfica chinesa e ao socialismo. Para eles começarem a fazer a pesquisa disponibilizou-se temas para os dois grupos abordarem. Na aula seguinte, explicou-se que os alunos deveriam argumentar sobre seus temas em duplas, sendo disponibilizado 5 minutos para cada dupla.  Solicitou-se a eles que também entregassem um resumo da argumentação elaborada pelos mesmos, a fim de que pudéssemos orienta-los em suas defesas. 


Alunas defendendo suas idéias.

Para o desenvolvimento da atividade foram utilizadas seis aulas, sendo quatro para a produção e outras duas para a execução. O objetivo foi trabalhar com os alunos alguns aspectos que estes considerassem interessantes e curiosos sobre a China, sendo eles mesmos os responsáveis por selecionar o que seria importante estudar e compreender melhor, fazendo com que os estudantes se tornassem atuantes na construção do conhecimento. Ao final percebeu-se que todos deram o seu melhor, sendo que o resultado da atividade superou as expectativas.


Presença dos bolsista na atividade.
A atividade foi aprovada tanto pelos alunos, que melhoraram seus conhecimentos e tiveram sanadas suas dúvidas e curiosidades sobre o conteúdo, como pela professora responsável pela disciplina de Geografia, que com a contribuição das bolsistas pôde trabalhar melhor com os conteúdos de interesse dos alunos. As bolsistas também avaliaram de maneira muito positiva a atividade, pois foi uma oportunidade de desenvolver novas experiências e adquirir conhecimentos, bem como pela massiva participação de todos os alunos, envolvendo-se no processo e realizando as tarefas.

Atividades que despertam o interesse dos alunos devem ser trabalhadas através do envolvimento dos mesmos na elaboração de seus próprios saberes, sendo que a formação crítica de um sujeito passa, antes de tudo, pela formação de um aluno que desenvolve seus próprios conhecimentos e atua sobre eles manifestando sua opinião.